Haicais

   Caro visitante, seja bem vindo! Espero que os meus haicais sejam do seu agrado. Considerando a variedade de estilos e diversas correntes de haicaistas, as controvérsias e discussões apaixonadas sobre o tema, comunico que sou acima de tudo um aprendiz na arte do haicai e simpatizante das correntes oriental brasileiro e ocidental brasileiro. Considero o ato de escrever haicai uma tarefa árdua que exige muita dedicação e seriedade. O estudo desse gênero literário é complexo e apaixonante. Ao longo do tempo escrevo e reescrevo haicais, altero e em certos casos os excluo de modo definitivo por não ficar satisfeito. O meu objetivo primordial é compartilhar, trocar experiências, fortalecer meu aprendizado, manter intercâmbio cultural e fazer novas amizades. Agradeço as críticas que me servem de grande valia e renovam o meu desejo de buscar sempre o aprimoramento.

Paz e Bem.

Humildemente,

Gladston Salles

* (in tese de Mestrado, Débora de Castro, O haicai no Brasil: Comunicação & Cultura, PUC-SP,2004)

ATENÇÃO: Minhas obras literárias são devidamente registradas e amparadas pela Lei 9610/98 (Direitos Autorais).

   Convém esclarecer que sigo a corrente literária que entende que o haicai não deve conter título (e)(ou) rima. Os kigos estão presentes nos meus haicais típicos da "corrente oriental brasileiro"; apenas deixo de citá-los por achar desnecessário. Respeito todos os haicaistas e suas diversas correntes. Talvez, a criação dessa página seja um ato de ousadia. Desde logo, peço vênia aos veteranos e mais experientes na arte do haicai. Todos os leitores, haicaistas ou não, sempre serão bem vindos.

   Minha reverência ao Mestre Matsuo Bashô...

   Furu ike ya

   velho tanque

   Kawasu tobikomu

   uma rã mergulha

   Mizu no oto

  barulho de água

Tenho lido muito sobre haicais... A vida é um instante.

primavera quente -

entre as flores,

o jardineiro de guarda-sol

conversa sem fim

nesse dia prolongado -

comadres no portão

vai e vem

de antigas lembranças -

ondas miúdas

pede esmola, o guri

de chapéu de papel -

dia da pátria

manhã na fazenda,

criança não arreda o pé -

pula o potrilho!

de repente, velho ranzinza,

de bem com a vida -

brisa no rosto

tarde de inverno

esses galhos nus...

ah! visita da neta

noite fria -

ligeiro, menino

põe o casaco no espantalho

pousa no poço seco

a borboleta hibernal -

frágil que dá dó!

de repente,

de mãos postas, o lavrador -

um bocado de milho!

broa na mesa -

feliz, menino

abraça o espantalho

brisa da manhã -

nas mãos do menino

uma manga perfumada!

folhas soltas

os pássaros migrantes -

quietude

tarde de frio

mãozinha estendida

bolinho de chuva

dia prolongado -

no portão de casa

a vizinha faladeira

quietude -

baila o colibri

no pátio do convento

casa humilde -

sobre o prato vazio

dourado pingo de sol

lagoa sombria -

fulgurante no lodo

a flor de lótus

à luz da lua

inerte no solo

o vaga-lume

banho de alegria

no quintal -

chuva de primavera

casa abandonada -

junto aos entulhos

o viçoso cactos

trevo -

entre quatro folhas

os sonhos de adolescente

tarde fria -

o velho encurvado

também o salgueiro sem folha

acordar cedo!

o lembrete esquecido -

chuva de inverno

casarão em ruínas

tudo se perdeu...

ah! o velho jasmineiro

Primeiro voo -

Trágico desfecho:

Borboleta no alfinete

Bendita casa de minha avó -

Abro as janelas:

Jaboticabas

Raio de luar

invade a casa de sapê -

Sonhos de sobra

Frio. Bebê inquieto -

Um furo

na meia de lã.

Sinal fechado -

Na noite fria,

malabarismo com limão.

No rio minguante,

navegando devagarinho,

a folha seca.

Na casa de

chão batido,

escondidinho... o bicho-do-pé.

Vagalhões

no mar.

Pescador em terra, conta proezas.

Pardal de inverno

Apenas um no quintal -

Trinado fraquinho

Sol de inverno -

Olho com desdém

para a piscina nova.

Frio nos pampas

e nos ossos do velho.

Minuano

Vermelhidão no céu,

num instante acabou-se...

Arrebol hibernal

Sol de inverno

Fraquinho...

Vovó desiste da janela

Capim gordura

O vaqueiro dorminhoco -

Boi na sombra

Noite sem luar -

Junto à tigelinha humilde,

o pirilampo.

Adeus curió!

Menina cega sorri -

Gaiola aberta

Flores de plástico

na janela.

Que pena! Beija-flor enganado.

Flor de pessegueiro

nas mãos da menina-moça:

Delicadeza

Flores de ouro. Roupa de gala

nos galhos nus.

Ipê amarelo

Andorinhas com fome

Banquete no quintal

Pão duro ralado

Chuva fina

Canto melodioso

Ah! Curió livre no quintal

Flores brancas no arbusto

Suspiro da jovem -

Grinalda-de-noiva

Lírio-branco

nas mãos da netinha.

Olha o passarinho! Click!

Manhã vernal

Mas o campo parece nevado -

Flores de pereira

Cheiro de chuva

O verde revigorado -

Capim gordura

Manhã vernal

O velho contente

ergue o troféu: viçoso "bonsai"

Semeadura de milho -

Guloso, menino

já pensa na broa.

Brisa. Folia

na natureza.

Orquídea – dançarina

Nenhum gorjeio

na manhã de primavera -

Motosserra

Alvoroço de pardais

no fundo do quintal.

Ah! Primavera

Manhã vernal

Um bem-te-vi canta

Que pena! Mangas verdes

Mãos enrugadas

Agulha e lã

Pezinhos frios no berço

Névoa fria

Migalhas de pão

Cadê os pardais?

Manhã de inverno

O pé sujo do mendigo -

Cobertor curto

Noite fria

O mendigo e o cão -

Abraço solidário

Lua cheia -

Instantes atrás

A menina parecia triste

Quintal

de casarão antigo.

Que bom! Ainda mangas perfumadas.

Abro a janela

e vejo a lua cheia.

Cães no cio

Tarde outonal

O baú aberto -

Ah! Soldadinhos de chumbo.

Borboletas azuis

no céu cinzento.

Que pena! Arte plástica.

Olho para o céu

na tarde outonal.

Saudade do azul

Barquinho de papel

A chuva na lagoa -

Menino no leme

Folhas orvalhadas

O lembrete de oração -

Louva-a-deus

Tarde outonal

Uma pipa azul

Enfeita o céu cinzento

Ruinha escura

Entre espremidas casas...

A luz do luar

Noite de gala...

Na entrada do teatro

O "vira-lata"

Criança triste

As borboletas azuis -

Grade na janela

Cai o orvalho

Morangos silvestres sobre a mesa -

Ah! Que secura.

Bendito "Hanami" -

No rosto da menina

Carícia de flor fugaz

Caro visitante, seja bem vindo! Espero que os meus haicais sejam do seu agrado. Considerando a variedade de estilos e diversas correntes de haicaistas, as controvérsias e discussões apaixonadas sobre o tema, comunico que sou acima de tudo um aprendiz na arte do haicai e simpatizante das correntes *oriental brasileiro e *ocidental brasileiro. Considero o ato de escrever haicai uma tarefa árdua que exige muita dedicação e seriedade. O estudo desse gênero literário é complexo e apaixonante. Ao longo do tempo escrevo e reescrevo haicais, altero e em certos casos os excluo de modo definitivo por não ficar satisfeito. O meu objetivo primordial é compartilhar, trocar experiências, fortalecer meu aprendizado, manter intercâmbio cultural e fazer novas amizades. Agradeço as críticas que me servem de grande valia e renovam o meu desejo de buscar sempre o aprimoramento.

Paz e Bem.

Humildemente,

Gladston Salles

* (in tese de Mestrado, Débora de Castro, O haicai no Brasil: Comunicação & Cultura, PUC-SP,2004)

ATENÇÃO: Minhas obras literárias são devidamente registradas e amparadas pela Lei 9610/98 (Direitos Autorais).

Convém esclarecer que sigo a corrente literária que entende que o haicai não deve conter título (e)(ou) rima. Os kigos estão presentes nos meus haicais típicos da "corrente oriental brasileiro"; apenas deixo de citá-los por achar desnecessário. Respeito todos os haicaistas e suas diversas correntes. Talvez, a criação dessa página seja um ato de ousadia. Desde logo, peço vênia aos veteranos e mais experientes na arte do haicai. Todos os leitores, haicaistas ou não, sempre serão bem vindos.

Minha reverência ao Mestre Matsuo Bashô...

Furu ike ya

velho tanque

Kawasu tobikomu

uma rã mergulha

Mizu no oto

barulho de água